Senadora Damares Alves alerta sobre impacto do pacote do governo federal para 76 mil beneficiários do BPC no DF

   Plenário do Senado Federal durante sessão não deliberativa. Período do expediente. Em discurso, à tribuna, senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

Em discurso contundente no Senado Federal nesta segunda-feira (16), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) criticou duramente o Projeto de Lei nº 4614/2024, apresentado pelo Governo Federal. A proposta, apelidada pela parlamentar de “Pacote de Maldades”, pode trazer prejuízos significativos para os 76 mil beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) no Distrito Federal.

O BPC é destinado a idosos e pessoas com deficiência que vivem em situação de vulnerabilidade, garantindo um salário-mínimo mensal àqueles cuja renda familiar per capita é inferior a um quarto do salário-mínimo. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), no DF, 34,6 mil idosos e 41,3 mil pessoas com deficiência dependem desse auxílio para sobreviver.

Mudanças propostas e críticas

Damares destacou que o projeto prevê exigências como a atualização cadastral periódica, mesmo para pessoas com deficiências permanentes, além da suspensão do benefício caso prazos não sejam cumpridos. A senadora também criticou mudanças na definição de deficiência, que desconsideram o modelo social estabelecido pela Lei Brasileira de Inclusão e pela Lei Berenice Piana.

Outros pontos questionados incluem a exclusão de proteções que impediam a contagem de rendas previdenciárias no cálculo da elegibilidade ao BPC e a limitação do número de famílias unipessoais beneficiárias do Bolsa Família.

Para Damares, essas medidas demonstram desconexão com a realidade dos mais vulneráveis. “Parece que esse pacote foi escrito por um bando de meninos que nunca saiu de trás de seus computadores em seus gabinetes para ter contato com a realidade”, criticou.

Cortina de fumaça e isenções questionadas

A senadora também apontou contradições na proposta, como a intenção do governo de isentar do imposto de renda pessoas com rendimentos de até R$ 5 mil, que, segundo ela, serve apenas como uma “cortina de fumaça”. Para Damares, a medida beneficia uma parcela limitada da população enquanto penaliza os mais vulneráveis.

Ela ainda alertou para a possível retirada da isenção de imposto de renda para pessoas com deficiência ou doenças graves que recebem mais de R$ 20 mil por mês. Segundo Damares, essa alteração ignora os altos custos enfrentados por essas pessoas, como despesas com saúde, equipamentos e medicação contínua.

Propostas alternativas

Damares Alves sugeriu que o governo poderia buscar alternativas para equilibrar as contas públicas sem prejudicar os mais necessitados. Entre elas, citou a revisão dos descontos bilionários concedidos a empreiteiras envolvidas em casos de corrupção e a redução de benefícios da Lei Rouanet para artistas renomados, que poderiam buscar patrocínio privado.

Apelo ao Congresso

A senadora concluiu seu discurso pedindo que os parlamentares da Câmara e do Senado rejeitem o projeto. “Essa proposta penaliza os mais vulneráveis e coloca em risco a sobrevivência de milhares de famílias que dependem do BPC para viver com dignidade. É hora de o Congresso dar uma resposta firme e proteger quem mais precisa”, afirmou a Senadora.

 

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