O papilomavírus humano (HPV) é silencioso, mas de alto impacto na saúde pública. Embora seja uma das infecções sexualmente transmissíveis mais comuns, capaz de provocar desde verrugas genitais até câncer no colo do útero, no pênis e na laringe, a adesão à vacina ainda está longe do ideal no Distrito Federal.
Dados da Secretaria de Saúde (SES-DF) mostram que, entre abril e agosto deste ano, apenas 10,9% das adolescentes e 6% dos adolescentes de 15 a 19 anos tomaram a dose. Na faixa considerada prioritária — de 9 a 14 anos —, a cobertura está em 81,5% para meninas e 61,8% para meninos, abaixo da meta nacional de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde.
Com esse cenário, a SES-DF lançou a campanha Setembro em Flor, dedicada a conscientizar sobre a importância da imunização e da prevenção dos cânceres ginecológicos. Desde abril, a pasta também tem enviado mensagens via WhatsApp para mais de 139 mil jovens e ampliou até dezembro a oferta da vacina para adolescentes de 15 a 19 anos. Mesmo assim, os números ainda avançam devagar: em cinco meses, apenas 3,3 mil doses foram aplicadas, sendo quase 2 mil em meninas e 1,4 mil em meninos.
Disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), a vacina é gratuita e funciona como um escudo contra quatro tipos do vírus. Dois deles estão ligados a 90% das verrugas genitais e os outros dois a cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero.
Embora o foco principal seja a faixa de 9 a 14 anos, jovens de 15 a 19 anos poderão se vacinar até o fim de 2025. Além disso, pessoas de 15 a 45 anos em uso de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) contra o HIV, assim como pacientes com condições clínicas especiais, também têm direito à imunização mediante prescrição médica — tanto nas UBSs quanto no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).
Estudos indicam que entre 50% e 60% da população terá contato com o HPV ao longo da vida. É justamente por isso que especialistas reforçam: a vacinação precoce é a maneira mais eficaz de prevenir complicações futuras.
O desafio da saúde pública, agora, é romper a barreira da desinformação e da baixa adesão, sobretudo entre os meninos, e transformar a prevenção em rotina entre os jovens do DF.