A mais recente pesquisa realizada pelo Instituto Quest confirma um fenômeno político que tem se consolidado nos últimos meses: o crescimento da desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora impulsionada por segmentos que, em outros tempos, foram fundamentais para sua popularidadeos jovens e os brasileiros com maior nível de escolaridade.
Embora ainda mantenha apoio expressivo entre eleitores mais pobres e moradores das regiões Norte e Nordeste, a erosão da imagem presidencial em setores tradicionalmente considerados mais críticos e informados indica um desgaste profundo .
Os dados da Quest revelam que a faixa etária de 16 a 34 anos está entre as que mais desaprovam o atual governo. Trata-se de um segmento da população mais conectado, mais engajado nas redes sociais e menos fiel a ideologias políticas . Para esses jovens, a frustração tem um peso duplo: ela carrega a decepção com o presente e o medo em relação ao futuro.
A dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, a escalada no custo de vida e a ausência de políticas efetivas voltadas para a juventude alimentam o desencanto.
Outro recorte revelador da pesquisa é a alta taxa de desaprovação entre os eleitores com ensino superior completo. Esse grupo, que tende a acompanhar com mais atenção o debate público, a política econômica e a atuação institucional do governo, se mostra cada vez mais insatisfeito com o desempenho da gestão Lula.
As polêmicas relacionadas à condução da economia, à leniência diante de escândalos como o do INSS e à postura ambígua em temas como reforma tributária e ambiental, acendem um alerta entre aqueles que cobram coerência, planejamento e resultados mensuráveis.
Além disso, os mais instruídos também têm mais acesso à informação e menos tolerância com discursos populistas. A tentativa do governo de recuperar o carisma do passado, sem entregar uma gestão efetiva no presente, sofre resistência onde há maior capital crítico.
O efeito corrosivo das decepções
Essa desaprovação não é movida apenas por oposição ideológica, mas por frustrações reais com a condução do país. Segundo a pesquisa Quest, boa parte dos entrevistados que desaprovam Lula não o fazem por afinidade com a direita ou com Bolsonaro, mas por acharem que ele “prometeu mais do que está entregando”. Essa é uma crítica que, vindo de setores médios, jovens e mais escolarizados, pode se espalhar com rapidez e influenciar decisivamente os rumos do debate político no país.