A CPMI do INSS se tornou palco de uma das maiores investigações sobre fraudes previdenciárias já registradas no país. Segundo relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU), entre 2019 e 2024, os descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas resultaram em um rombo superior a R$ 6 bilhões ,só entre 2023 e 2024, o prejuízo ultrapassou R$ 3 bilhões. Uma ferida aberta que atinge milhões de brasileiros, sobretudo idosos que já enfrentam tantas dificuldades.
Na última segunda-feira (8), o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), foi ouvido pela comissão. Esperava-se que a sessão pudesse trazer respostas concretas a tantas vítimas. Em vez disso, prevaleceu um clima de animosidade entre os parlamentares presentes na sessão e a oitiva pouco avançou em termos práticos.
Foi nesse contexto que a senadora Leila Barros (PDT-DF) destoou do sentimento de indignação que dominava o plenário. Enquanto colegas pressionavam o ex-ministro por explicações, a senadora preferiu uma postura quase amistosa, exaltando a “clareza” e a “tranquilidade” de Lupi. Num momento em que se esperava firmeza e cobrança, Leila ofereceu afagos , como se a lealdade partidária fosse mais importante do que se fazer voz dos aposentados lesados.
Essa escolha não é apenas política, é simbólica. Mostra que Leila Barros parece se esquecer de quem deveria ser o verdadeiro centro do debate: os cidadãos que tiveram seus benefícios fraudados. Ao adotar um tom condescendente, a senadora desperdiçou a oportunidade de demonstrar solidariedade e compromisso com a dor de milhares deaposentados e pensionistas que, mês após mês, viram seus rendimentos minguarem sem explicação.
Em 2026,a senadora Leila Barros buscará a reeleição pelo PDT no Distrito Federal. Mas a forma como se posicionou na CPMI do INSS tende a pesar no julgamento popular. A população, cada vez mais desconfiada, pode enxergar no comportamento da senadora não uma defesa da verdade, mas a imagem de um partido que prioriza alianças e protege correligionários. A CPMI deveria ser espaço de justiça contra a roubalheira que atingiu aposentados não de blindagem política.
No fim, a senadora parece ter esquecido que sua cadeira não pertence ao PDT, nem a correligionários ilustres, mas aos eleitores que a colocaram no Senado. Entre eles, milhares de aposentados e pensionistas que, ao contrário da tranquilidade elogiada por Leila, vivem a angústia de um contracheque mutilado. A indiferença em um momento como esse não é apenas um erro político é uma afronta moral.