O Vale do Peruaçu, no Norte de Minas Gerais, foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Natural Mundial da Humanidade pela Unesco neste domingo (13).
O título consolida a importância global da região, marcada por formações geológicas monumentais, arte rupestre pré-histórica e modos de vida profundamente enraizados na relação com a natureza.
Para celebrar a conquista, o Governo de Minas realizou um evento simbólico na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, reunindo autoridades, pesquisadores e representantes das comunidades locais. A cerimônia reforçou a importância do território, que agora integra o seleto rol de bens naturais e culturais de valor universal.
Com a inclusão do Peruaçu, Minas Gerais passa a ser o estado brasileiro com o maior número de reconhecimentos mundiais concedidos pela Unesco. Além do novo título, figuram na lista Ouro Preto, Congonhas, Diamantina, o Conjunto Moderno da Pampulha e o saber-fazer do Queijo Minas Artesanal. O estado também abriga outros patrimônios internacionais, como a Reserva da Biosfera da Cordilheira do Espinhaço e a cidade de Belo Horizonte, reconhecida como Cidade Criativa da Gastronomia.
“O título da Unesco é um reconhecimento ao valor universal do Peruaçu e ao trabalho conjunto do povo mineiro. Hoje, o mundo reconhece a grandiosidade de um território que sempre foi sagrado para nós, mineiros”, afirmou o governador Romeu Zema (Novo), durante a homenagem.
Com o reconhecimento da Unesco, o Governo de Minas acelera a implantação de um plano integrado para promover o turismo sustentável na região. A proposta inclui ações voltadas à capacitação de guias locais, valorização do turismo de base comunitária, incentivo à economia criativa e preservação ambiental participativa.
Entre os projetos em curso estão o “Caminhos do Norte de Minas”, voltado ao fortalecimento das rotas turísticas; o “Afromineiridades”, que mapeia a presença negra nos territórios do estado; e o TEM (Turismo, Experiência e Mineridade), programa que busca articular os potenciais turísticos e culturais do interior mineiro. A região também será integrada à Estrada Cênica da Cordilheira do Espinhaço, um dos principais eixos de valorização do patrimônio natural do estado.
Localizado entre os municípios de Januária e Itacarambi, o Vale do Peruaçu abriga um dos maiores sítios de arte rupestre das Américas. As cavernas e paredões de calcário da região guardam pinturas com mais de 12 mil anos, atribuídas a comunidades pré-históricas que habitaram o território muito antes da chegada dos colonizadores europeus.
Além da riqueza arqueológica, o Peruaçu é um bioma de transição entre a Caatinga e o Cerrado, com alta biodiversidade e presença de espécies ameaçadas de extinção. A gestão do Parque Nacional do Vale do Peruaçu é feita pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio), em articulação com as comunidades locais, ONGs ambientais e o poder público estadual.
O reconhecimento da Unesco amplia a visibilidade internacional da região e impõe novos desafios: garantir o equilíbrio entre a preservação dos recursos naturais e culturais e o desenvolvimento sustentável das populações que vivem no entorno.
Como afirma o governo mineiro, o título é apenas o começo de uma nova etapa para o Peruaçu agora, com os olhos do mundo voltados para o coração do sertão mineiro.