A ausência de fiscalização adequada sobre a presença de médicos nos plantões da rede pública de saúde do Distrito Federal tem sido uma crítica constante ao longo de várias gestões na Secretaria de Saúde. Apesar de sucessivas promessas de implementar um sistema eficaz de controle, nenhum secretário conseguiu colocar em prática uma solução que garanta o cumprimento das horas de trabalho desses profissionais. Essa lacuna tem gerado insatisfação tanto entre a população quanto entre os próprios gestores e se agravou ainda mais com a atual greve dos médicos, evidenciando falhas graves no acompanhamento de quem está efetivamente trabalhando durante o movimento paredista.
O principal problema reside na falta de um sistema confiável de ponto eletrônico ou de outra tecnologia que permita monitorar a presença física dos profissionais de saúde em seus turnos de trabalho. Sem esse controle, fica impossível garantir que todos os médicos escalados para plantões estejam cumprindo suas funções, o que compromete diretamente a qualidade dos serviços prestados à população. Em um momento de greve, como o atual, a ausência de fiscalização contribui para um cenário de incerteza ainda maior, dificultando a identificação de quem realmente está aderindo à paralisação e quem está efetivamente mantendo o atendimento aos pacientes.
O impacto da ausência de controle no serviço público de saúde
O resultado direto dessa falta de fiscalização é o aumento das irregularidades e da falta de compromisso com os plantões. Casos de médicos que se ausentam dos turnos, atrasos frequentes e a dificuldade em localizar os profissionais em momentos críticos são recorrentes no sistema público de saúde do DF. Sem um sistema de monitoramento em tempo real, as unidades de saúde ficam vulneráveis, dependendo de controles manuais e de informações repassadas de maneira informal, o que abre brechas para falhas graves.
Com a greve, o problema da falta de fiscalização nos plantões se intensificou. Não apenas há falhas no controle da adesão dos profissionais ao movimento, como também se torna praticamente impossível mensurar com precisão quantos médicos estão de fato mantendo o atendimento mínimo exigido. A falta de um sistema de ponto eletrônico, ou mesmo de mecanismos que garantam a fiscalização direta nas unidades de saúde, leva a uma situação de descontrole, que compromete a gestão da crise e a prestação de serviços básicos à população.
O governo do Distrito Federal enfrenta dificuldades adicionais ao tentar manter a rede funcionando de maneira mínima, principalmente em serviços emergenciais. A falta de um controle rígido impede que o Executivo tome decisões mais assertivas sobre a distribuição de médicos, a reorganização dos plantões e a alocação de profissionais nas áreas mais críticas.
Soluções tecnológicas: um caminho urgente
A solução para esse problema está, em grande parte, na modernização da gestão pública. Ferramentas tecnológicas como ponto eletrônico digital, geolocalização e sistemas de monitoramento em tempo real são medidas já adotadas em várias cidades do Brasil e poderiam ser implementadas no Distrito Federal com relativa facilidade. Tais mecanismos garantiriam que todos os médicos escalados estivessem, de fato, presentes em seus postos de trabalho, assegurando maior transparência e controle.
Em 2020, o estado de Goiás, por exemplo, implantou um sistema de ponto eletrônico nas unidades de saúde, com registro biométrico e fiscalização em tempo real. A medida reduziu significativamente as ausências e os atrasos de profissionais nos plantões, além de melhorar a organização interna das unidades hospitalares.
A população do Distrito Federal não pode continuar à mercê de um sistema de saúde mal fiscalizado, especialmente em momentos de crise como o atual.Somente com um controle eficaz será possível restabelecer a confiança da população no sistema público de saúde e assegurar um atendimento digno e de qualidade.
A greve dos médicos expõe falhas que já existem há anos, mas também revela a necessidade de mudanças estruturais urgentes. Sem fiscalização, não há como garantir que o sistema de saúde funcione de maneira plena, e quem sofre as consequências são, principalmente, os mais vulneráveis.