O Distrito Federal ganhou, nesta terça-feira (9), sua primeira biofábrica de mosquitos wolbitos , nome dado aos Aedes aegypti inoculados com a bactéria Wolbachia, capaz de impedir o desenvolvimento dos vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Localizado no Guará, o Núcleo Regional de Produção Oswaldo Paulo Forattini – Método Wolbachia foi estruturado com investimento de R$ 400 mil e será responsável pela criação e liberação controlada dos mosquitos. A medida faz parte da estratégia do GDF para reduzir os índices de transmissão das doenças que, ano após ano, preocupam a população.
A governadora em exercício, Celina Leão, destacou que a ação representa um avanço importante no combate ao mosquito:
“Já temos 22 equipes nas ruas que iniciaram as liberações dos primeiros mosquitos nesta manhã. Há uma metodologia específica para a implementação, o que representa uma nova medida de prevenção. Ampliamos a capacidade operacional, com a contratação de mais pessoal e a adoção de novas tecnologias, e hoje inauguramos uma fábrica do Governo do Distrito Federal. A população do DF será a principal beneficiada. O nosso objetivo é um Distrito Federal livre da dengue”.
As liberações começam neste período de seca e devem ganhar força no início das chuvas, quando a expectativa é que os mosquitos com Wolbachia passem a reduzir a população de Aedes aegypti transmissores. Especialistas reforçam que não há alteração genética nos insetos e que a bactéria não é transmitida para seres humanos ou animais domésticos.
O projeto prevê a distribuição em dez regiões administrativas: Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã. Além disso, os municípios goianos de Luziânia e Valparaíso também estão no plano inicial, por registrarem maior vulnerabilidade em surtos anteriores.
Presente na inauguração, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressaltou que a iniciativa do DF se soma à estratégia nacional contra arboviroses,“temos dados dos projetos pilotos anteriores com redução de 69% dos casos de dengue depois do uso dessa tecnologia. Vamos começar aqui no DF e no Entorno. A primeira leva de distribuição será em regiões específicas, impactando aproximadamente 700 mil pessoas.”
Como funciona a biofábrica
Os ovos dos chamados “mosquitos amigos” chegam de Curitiba (PR) já encapsulados e são cultivados em potes com água e alimento. Cada pote é vedado com tule para garantir ventilação e segurança.
O ambiente da biofábrica é controlado, com temperatura em torno de 30ºC, ideal para a evolução do ciclo: em até 14 dias, os ovos passam por larvas, pupas e se tornam mosquitos adultos.
Após esse processo, os recipientes são transportados para as regiões administrativas e os mosquitos liberados em pontos estratégicos. No ambiente, eles se reproduzem com mosquitos selvagens, transmitindo a Wolbachia para as próximas gerações.
Outro efeito importante é que, quando um macho infectado cruza com uma fêmea comum, os ovos não geram filhotes , o que contribui para reduzir gradualmente a população transmissora.