Brasília em cena

   Foto: Geovana Albuquerque
Cine Brasília celebra os 65 anos da capital com mostra gratuita e programação especial

Em abril, Brasília não comemora apenas mais um aniversário — são 65 anos de história, cultura e identidade construídas entre superquadras, céu aberto e utopias concretas.

E o Cine Brasília, símbolo vivo da arte na capital, preparou uma programação cinematográfica especial para homenagear a cidade que pulsa entre a política e a poesia urbana.

A mostra “Brasílias em Cena”, que ocorre de sábado (19) a segunda-feira (21), reúne 13 filmes que transformam a capital em protagonista. As exibições são gratuitas e por ordem de chegada, transformando o Cine Brasília em um espaço democrático de encontro com as diversas facetas candangas — do drama à comédia, do documentário à ficção futurista.

A programação começa no sábado, às 10h, com Manual do Herói, de Fáuston da Silva. A ficção mistura fantasia e crítica social ao acompanhar Agnus, um homem comum que, após receber um misterioso “manual”, mergulha em um universo paralelo com heróis e vilões — metáfora potente para o nosso tempo.

Outro destaque é Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós, exibido no sábado, às 20h. O filme é uma obra-prima do cinema candango, que mistura ficção científica e crítica social ao abordar racismo estrutural e violência policial em Ceilândia, um dos maiores símbolos da periferia do DF.

No sábado, às 14h, o Cine Brasília exibe O Vazio do Domingo à Tarde, com recursos de acessibilidade em Libras, legendas descritivas e audiodescrição. A sessão reforça o compromisso do espaço com a inclusão e a democratização da cultura.

No domingo, a programação traz também um tributo a Dulcina de Moraes — atriz e pioneira do teatro brasileiro — com o documentário Dulcina, de Glória Teixeira. No mesmo espírito, o curta Vladimir Carvalho: Cinema e Memória resgata o legado do mestre do documentário nacional, em um registro tocante, seu último depoimento em vida.

Os fãs da Legião Urbana poderão reviver os anos 1980 com Somos Tão Jovens, longa que retrata a juventude de Renato Russo. Já Eduardo e Mônica, exibido na segunda (21), fecha a mostra com o clássico romance urbano que nasceu nos versos da canção homônima.

Na terça-feira (22), às 20h, o Cine Brasília exibe uma versão remasterizada do clássico Psicose, de Alfred Hitchcock, celebrando não só o aniversário de Brasília, mas também os mais de 60 anos da própria sala de cinema, inaugurada com a exibição deste mesmo filme em 1961.

Além da mostra especial, o Cine Brasília recebe quatro estreias: Baixo Centro, Presença, Cidade dos Sonhos (cópia restaurada) e a animação nacional Abá e Sua Banda. A Sessão Contraturno traz ainda o documentário Milton Bituca Nascimento, sobre a despedida dos palcos do icônico músico brasileiro.

Outra novidade é a série Cine Memórias, lançada nas redes sociais do Cine Brasília. Em quatro episódios, nomes como Ruy Guerra e Sara Silveira compartilham memórias, bastidores e afetos ligados ao cinema brasiliense e à trajetória cultural do Distrito Federal.

Localizado na Entrequadra Sul 106/107, o Cine Brasília é mais do que uma sala de projeção — é um monumento afetivo de gerações. Com sua arquitetura modernista e história marcada por resistência cultural, o espaço segue firme como um dos principais palcos do audiovisual brasileiro.

Os ingressos para as sessões regulares custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), com preço único de R$ 5 às segundas. Já as sessões especiais da Mostra “Brasílias em Cena”, Psicose e a sessão acessível são gratuitas, sem retirada antecipada de ingressos.

 

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