“Nada que a mulher faça justifica a violência: combate à violência contra a mulher deve ser ação conjunta, diz Doutora Jane

Em um discurso marcado pela indignação e pela urgência, a deputada distrital Doutora Jane (MDB) usou o plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta terça-feira (8), para  chamar a atenção da sociedade para a urgência de enfrentar a violência contra a mulher de forma integrada e sem hesitações.

Nós todos temos que refletir sobre o que precisamos fazer para que nossas mulheres parem de ser mortas”, afirmou, após prestar solidariedade às famílias das oito mulheres assassinadas entre janeiro e o início de abril deste ano. As vítimas, com idades entre 17 e 49 anos, tiveram suas histórias interrompidas por uma violência que, como a deputada reforçou, não escolhe idade, cor ou classe social.

Um apelo que transpassa o parlamento

Para Doutora Jane, enfrentar a violência exige mais do que leis — exige diálogo, educação e envolvimento de toda a sociedade. “Precisamos levar essa temática para as igrejas, escolas, para todos os lugares possíveis”, disse. O tom do discurso foi de mobilização: ela quer que o tema deixe de ser tabu para se tornar parte do cotidiano das famílias, das salas de aula, dos púlpitos religiosos e das rodas de conversa.

A deputada também foi firme ao repudiar qualquer tentativa de responsabilizar as vítimas. “Nada que a mulher faça é motivo para qualquer tipo de violência”, declarou. A frase ecoa como um alerta diante de narrativas que ainda tentam justificar o injustificável. Para Doutora Jane , a educação é o caminho para desconstruir essas mentalidades, e isso começa pela forma como a sociedade enxerga e julga as vítimas.

Política pública que se materializa

Doutora Jane não fala apenas como representante política, mas como autora de iniciativas concretas. Ela é a responsável pela Lei nº 7.266/2023, que criou os Comitês de Proteção à Mulher em todas as regiões administrativas do DF. Hoje, já são seis unidades em funcionamento: Itapoã, Ceilândia, Lago Norte, Estrutural, Sobradinho e Águas Claras. Esses espaços oferecem acolhimento e apoio para mulheres em situação de violência, além de atuarem na promoção da igualdade de gênero.

Temos uma rede de proteção robusta. Precisamos encorajar as mulheres a acessarem essa rede”, reforçou a deputada. A fala aponta para um desafio ainda presente: fazer com que essas políticas públicas cheguem de fato a quem precisa — especialmente às mulheres que ainda vivem sob medo, controle e ameaças.

Não é uma luta isolada

A mensagem deixada por Doutora Jane é clara: o enfrentamento ao feminicídio não é uma causa de mulheres para mulheres. É uma questão de humanidade, de civilização, de justiça. E não pode depender apenas do poder público. “O combate à violência contra a mulher é responsabilidade de todos nós”, afirmou. O verbo “nós”, aqui, ganha força e exige ação de todos os lados: da sociedade civil, das instituições, dos vizinhos, dos amigos, e das famílias.

 

 

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