Mulheres enfrentam endividamento maior e mais obstáculos para acessar crédito no Brasil

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As mulheres continuam sendo as mais impactadas pelo endividamento no Brasil, especialmente aquelas de baixa renda, que muitas vezes são as únicas responsáveis pelo sustento da família. Dados recentes da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e da Serasa revelam que a desigualdade financeira entre os gêneros ainda persiste, mesmo com uma leve redução na diferença percentual de endividados entre homens e mulheres.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela CNC, 76,9% das mulheres estavam endividadas em fevereiro de 2025, contra 76% dos homens. Embora essa diferença tenha diminuído em relação ao ano anterior, a carga financeira sobre as mulheres segue mais pesada, especialmente para aquelas que chefiam seus lares sem o apoio de um companheiro.

O levantamento da Serasa reforça essa realidade: 93% das mulheres participam financeiramente das despesas familiares e, em um terço dos lares brasileiros, elas são as únicas responsáveis por bancar os custos da casa. O cenário é ainda mais crítico entre as famílias de baixa renda (classes D e E), onde essa responsabilidade recai sobre elas em 43% dos casos.

Além das dificuldades financeiras, as mulheres também enfrentam o desafio da dupla jornada. A pesquisa mostra que 90% das entrevistadas precisam conciliar o trabalho remunerado com as tarefas domésticas, o que torna a gestão do orçamento ainda mais desafiadora.

Dificuldade de obter crédito

Mesmo com o esforço para manter as contas em dia, o acesso ao crédito segue como uma barreira para muitas mulheres. A pesquisa aponta que 85% delas já tiveram algum pedido de crédito negado, e as principais dificuldades apontadas são a recusa das instituições financeiras (47%) e o endividamento acumulado (31%).

Para tentar reverter essa situação, as mulheres demonstram maior iniciativa na regularização de suas dívidas. No Feirão Serasa Limpa Nome, por exemplo, elas fecharam 25% mais acordos do que os homens, o que indica um esforço maior para manter o nome limpo no mercado e garantir acesso a melhores condições financeiras.

Nos últimos 12 meses, os principais motivos que levaram as mulheres a buscar crédito foram despesas inesperadas (26%) e o pagamento do cartão de crédito (22%), evidenciando a falta de uma rede de apoio financeiro que permita lidar com imprevistos sem recorrer a empréstimos ou parcelamentos.

O cenário mostra que, apesar de avanços, a desigualdade financeira de gênero segue um desafio no Brasil. O peso das dívidas, a dificuldade de acesso ao crédito e a sobrecarga do trabalho doméstico são barreiras que impedem muitas mulheres de conquistar independência financeira e estabilidade econômica.

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