O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), enviou nesta terça-feira(12), carta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual contesta declarações públicas do norte-americano sobre a segurança pública em Brasília. O fato é que o presidente americano citou a capital federal em comparação a cidades estrangeiras com altos índices de criminalidade.
Na correspondência, o chefe do Executivo local afirma que a percepção de violência não corresponde à realidade de Brasília. “Tal percepção não reflete a realidade da capital brasileira. São informações equivocadas”, escreveu.
O governador utilizou dados oficiais para sustentar sua argumentação. De acordo com o Atlas da Violência 2024, elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Brasília apresentou uma taxa de 6,9 homicídios por 100 mil habitantes em 2024, a terceira menor entre as capitais brasileiras.
Ibaneis ressaltou que o Distrito Federal possui autonomia para formular suas próprias políticas de segurança pública, conforme previsto na Constituição. Segundo ele, a condução dessa política é realizada “de forma coordenada”, com integração entre a Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Penal, Corpo de Bombeiros e Departamento de Trânsito.
“O sucesso obtido decorre da autonomia de Brasília, garantida pela Constituição Federal do Brasil, e da determinação de proteger a população acima de interesses partidários.A condução da segurança pública no Distrito Federal se alinha, em sua essência, à visão de “lei e ordem”, reforçando que o combate firme ao crime, associado a políticas sociais de alcance real, é o caminho para uma sociedade segura e próspera”, declarou o governador.
O governador também defendeu que sua gestão adota uma abordagem chamada de segurança integral, que envolve ações de repressão ao crime aliadas a programas sociais. Um dos destaques mencionados é o Programa Segurança Integral, estruturado em seis eixos temáticos: Cidade Mais Segura, Escola Mais Segura, Cidadão Mais Seguro, Mulher Mais Segura, Servidor Mais Seguro e Campo Mais Seguro.
A iniciativa prevê a participação da população por meio dos Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEGs), que realizam reuniões abertas com moradores de todas as regiões administrativas.
Na carta, Ibaneis também citou ações sociais implementadas em sua gestão, como o Plano de Ação para a População em Situação de Rua, elaborado antes da promulgação da Lei nº 14.821/2024, que criou a política nacional para essa população.
Entre outras medidas mencionadas estão:
- Programa Acolhe DF, para reinserção social de dependentes químicos;
- Hotel Social, com pernoite, alimentação e abrigo para pessoas em situação de rua e seus animais de estimação;
- Auxílio financeiro emergencial de R$ 600 a pessoas em vulnerabilidade extrema;
- Encaminhamento a programas de capacitação e emprego, como o RenovaDF.
Na correspondência, Ibaneis também abordou o papel das relações internacionais. “Interesses geopolíticos e comerciais devem estar acima de divergências político-partidárias”, escreveu.
O governador ainda relatou ter promovido uma reunião com chefes do Executivo de outros estados para discutir a reabertura do diálogo direto com o governo norte-americano, com o objetivo de “minimizar prejuízos à economia nacional”.
A carta foi encerrada com a manifestação de interesse em fortalecer os laços institucionais entre Brasil e Estados Unidos. “Reafirmo o respeito e a admiração pela histórica relação de cooperação e amizade entre o Brasil e os Estados Unidos da América”, concluiu.