Entre fé e tradição: Morro da Capelinha se transforma no coração espiritual da Semana Santa em Brasília

   Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Encenação da Paixão de Cristo em Planaltina deve reunir até 150 mil fiéis na 52ª edição do maior espetáculo religioso do DF

A fé sobe o morro. E, junto com ela, milhares de fiéis. Em Planaltina, o feriado da Semana Santa tem um endereço certo: o Morro da Capelinha, onde tradição, religiosidade e emoção se entrelaçam na mais emblemática encenação da Paixão de Cristo do Distrito Federal.

Neste ano, o espetáculo chega à 52ª edição, com uma expectativa de público que pode chegar a 150 mil pessoas, consolidando o evento como um dos maiores atos de devoção popular do país.

Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do DF desde 2008 e parte oficial do calendário da capital desde 1986, o espetáculo cênico-religioso já é um símbolo do encontro entre fé e identidade brasiliense.

E, para garantir que tudo ocorra com qualidade, segurança e estrutura, o Governo do Distrito Federal, por meio da Secretaria de Turismo (Setur-DF), destinou R$ 1,75 milhão para a realização do evento.

Tradição que emociona

Mais do que um espetáculo, a Paixão de Cristo no Morro da Capelinha é um ritual coletivo. São meses de ensaio, centenas de voluntários — atores, técnicos, fiéis — e um envolvimento que atravessa gerações. Para muitos moradores de Planaltina, participar da encenação é um gesto de fé e de pertencimento. Para quem assiste, é uma experiência espiritual que transcende o palco e se transforma em memória.

O ápice acontece na Sexta-feira Santa (19). O cortejo sai do centro de Planaltina e percorre cerca de 4 km até o Morro da Capelinha, onde a cena da crucificação é encenada de forma impactante. Às 15h, o Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar Costa, preside a Celebração da Cruz. Logo depois, às 16h, tem início o espetáculo principal: um trajeto de 800 metros pelas 14 estações da Via Sacra, retratando o julgamento, prisão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A encenação tem duração de quatro horas.

O impacto da encenação vai além da religiosidade. Ela movimenta o turismo regional, aquece o comércio local e promove um sentimento de união. Pessoas de todas as idades, crenças e regiões do Distrito Federal e Entorno se reúnem em um só propósito: viver, sentir e refletir.

Planaltina, neste fim de semana, deixa de ser apenas uma das regiões administrativas do DF. Ela se torna o berço da fé candanga, onde cada passo no morro ecoa uma história de amor, dor e esperança contada há mais de dois mil anos.

 

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